Dandara e Thuane contaram relatos sobre o uso de turbantes, mas o discurso delas não teve a mesma atenção da grande mídia.
Ser seletivo tudo tem a ver com ser racista. Ter reações diferentes diante de estímulos similares tudo tem a ver com discriminação. De um lado Dandara, de outro Thuane. Não são inimigas, não deveriam estar separadas. Porém alguns tons a mais deixam claro que elas jamais foram iguais. Para a sociedade não merecem o mesmo tratamento, a mesma sororidade ou atenção.
Em 04 de Fevereiro de 2017, Thuane supostamente foi a protagonista de um episódio que fez o país discutir o uso de turbantes. Ao andar com o pano cabeça no metrô de São Paulo, a garota, que está com câncer, contou que foi orientada a retirar o acessório por uma mulher negra não identificada - o motivo seria a apropriação cultural que a mulher apontou em Thuane. Indignada, postou tudo nas redes sociais e por conta disso, ela foi convidada a falar sobre o direito de usar turbantes em grandes jornais, como o da Globo News (veja a entrevista aqui).
Durante aquela semana a pauta sobre o uso de turbantes reinou na internet. Apesar da situação ter sido desagradável, chata e sem precedentes ninguém duvidou em momento algum da versão da moça. Não como duvidariam de uma negra.
E foi o que aconteceu neste caso. No dia 22 de Abril de 2017, Dandara foi humilhada, discriminada e agredida. Durante uma festa, a pedagoga e conselheira do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) teve seu turbante arrancado por um homem branco. Ela reagiu e ele, segundo conta, chamou alguns amigos. "Veio outro e jogou meu turbante no chão. Depois, eles começaram a jogar cerveja na minha cabeça e a rir de mim", lembra. Os amigos de Dandara acionaram a segurança da festa e dois deles foram retirados do local. E a humilhação? Esta não foi reparada ou ao menos discutida na amplitude do caso anterior, muito pelo contrário. Algumas pessoas chegaram a duvidar da veracidade do fato e encarar o ocorrido apenas como uma "brincadeira de moleque".
Agora deixamos aqui a pergunta importada da jornalista e formadora de opinião Tia Má em sua página do Facebook: Já que o direito de usar turbantes é de "todos", por que apenas se indignaram com o depoimento da primeira? Segundo ela, a resposta é dura: A denúncia de uma mulher negra NÃO TEM o mesmo peso que a denúncia de uma mulher branca.
Para acabar com o racismo, precisamos assumir que pessoas brancas tem privilégios que devem ser expandidos para todos. Sororidade, solidariedade, justiça e confiança devem ser aplicadas à pessoas negras e não negras, nada de ser seletivo. O racismo, às vezes é silencioso, tão silencioso quanto a grande mídia sobre o caso de Dandara.
Se você quer entender melhor o assunto, segue um vídeo que diz mais sobre o que estamos falando:
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