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No dia 28 de setembro é comemorado o Dia de Luta pela Descriminalização do Aborto na América Latina. E essa questão ainda é muito polêmica no Brasil. A média de abortos feitos em clínicas clandestinas é de 1 milhão por ano, sendo que cerca de 70 mil casos chegam à óbito da paciente.
Se por um lado, mulheres com condições financeiras pagam clínicas especializadas para interromper a gestação, aquelas que não têm dinheiro, chegam a fazer o procedimento em casa, sozinha, ou em clínicas clandestinas, correndo vários riscos à saúde.
Em entrevista à agência de jornalismo público, o ginecologista e obstetra Jefferson Drezett deu algumas declarações que nos fazem pensar e refletir sobre o assunto. Confira:
Sobre aborto e religião
"Cada pessoa segue uma religião. Ou não segue nenhuma. Cada pessoa pode viver de acordo com o que acredita, desde que não imponha essa crença ao outro. As leis não são e não podem ser criadas de acordo com crenças religiosas. Elas existem para tornar todas as pessoas, apesar de suas inúmeras diferenças, iguais e com os mesmos direitos. Descriminalizar o aborto não obriga que uma pessoa vá contra seus princípios e aborte. Só tornará menos doloroso e complicado o aborto para quem, de acordo com seus princípios, quer fazê-lo."
Sobre métodos anticoncepcionais
"Mesmo que a gente oferecesse métodos contraceptivos para todas as mulheres sexualmente ativas no mundo, segundo a OMS, se todas usassem direitinho, mesmo assim nós teríamos entre oito e 10 milhões de gestações por falhas dos próprios métodos. Uma coisa que precisa ser entendida é que as mulheres não engravidam porque não são responsáveis ou simplesmente não usam métodos contraceptivos. Dizer isso é pura ignorância."
Sobre aborto e adoção
"Antes de tudo, é importante saber que uma gestação tem custos, mesmo que o parto e o pré-natal sejam feitos na rede pública. Alimentação balanceada, vitaminas e complementos são importantes para que o bebê nasça saudável. Além disso, há a questão social. Como será tratada a mulher que gera um bebê e o deixa para adoção? Quais as chances dela não conseguir emprego? Quais as chances dela ser mandada embora de casa pela família? São muito grandes. A pressão social não permitiria que essa mulher retomasse sua vida normalmente. Ela seria para sempre aquela que deu o filho para adoção.
Outra questão importante nesse caso é que talvez a mulher não ache que o mundo em que vivemos hoje seja um bom lugar para receber uma criança. E não é difícil concordar com isso, certo?"
Por Helena Dias
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