Cláudio Fernandes Corrêa, idealizador e coordenador do Centro de Dor
Quem disse que o paciente que sofre de câncer precisa viver com dor? Pois uma campanha encabeçada pelo Hospital 9 de Julho e o Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional, de São Paulo, quer educar a população em geral (e a profissional) a respeito da necessidade dos mitos e do tratamento necessário da dor oncológica.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 10 milhões de pessoas pelo mundo são diagnosticadas com câncer todos os anos. Destas, pelo menos 70% passam pela doença com muita dor. Fora o sofrimento óbvio da enfermidade, a dor compromete física e emocionalmente o paciente, limitando até a adesão do tratamento. “O paciente dorme mal, perde o apetite em decorrência da dor. E isso compromete seu estado geral”, explica o médico Cláudio Fernandes Corrêa, idealizador e coordenador do Centro de Dor.
Segundo ele, muitas vezes falta preparação do próprio médico, que não sabe da existência de medicamentos que podem aliviar a dor dos pacientes e não têm esse tipo de conhecimento atrelado a sua formação. “É preciso especialização e reciclagem constante para garantir a qualidade de vida. A maior deficiência de alguns profissionais está no manejo dos opioides para o controle da dor, aliado aos fatores políticos e burocráticos para sua prescrição”. Para tratar a dor é preciso criar esquemas medicamentosos e, de sua combinação, conseguir ajudar o paciente. “Analgésicos habituais às vezes não funcionam mesmo”.
Outra dificuldade, nessa mesma direção, é que alguns pacientes deixam de se queixar da dor para o oncologista, com medo de que o médico deixe de dar atenção ao problema principal e, por consequência, atrapalhe o tratamento.
“Outra dificuldade é que muitos acham que receber morfina, por exemplo, significa que já está no fim da vida ou que vai criar uma dependência. E isso não é verdade”. Para acabar com esses mitos - e ressaltar que a dor oncológica é tabu, pode ser tratada e não precisa ser consequência da doença - é que a Campanha deve atravessar o ano, fazendo atendimentos, organizando palestras, chats e podcasts. O blog do Centro pode ser acessado pelo público em geral pelo endereço www.centrodedor.com.br/blog.
Terapias alternativas, como musicoterapia ou psicoterapia também podem ajudar, assim como terapias de relaxamento. “Mas quando a dor é muito forte, é preciso medicamento é até cirurgia para o tratamento. Pelo menos 10% dos pacientes precisa de intervenção para que a dor seja cessada”.
Cláudio ressalta que paciente algum precisa viver com dor, principalmente se a situação traz péssima qualidade de vida. O paciente precisa saber que pode (e deve) viver sem dor. E é esse o grande mote da campanha, resultado de uma aliança com a International Association for the Study of Pain - IASP - que acontece desde o ano passado. Em 2008, a abordagem foi com relação a dor da mulher.
O Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital de Julho reúne especialistas de diversas áreas como fisiatria, fisioterapia, odontologia, psicologia, enfermagem, neurologia e fonoaudiologia para oferecer tratamento multidisciplinar e integrado aos seus pacientes. Cláudio, que coordena o Centro, preside ainda o Instituo Simbidor, que realiza o Simpósio Brasileiro e Encontro Internacional sobre Dor, um dos eventos de maior expressão do setor.
Por Sabrina Passos (MBPress)
Os exames que previnem o câncer de mama e quando fazer cada um
Novidades em saúde infantil e doenças respiratórias em crianças
Ponto do marido depois do parto: episiotomia é violência obstétrica
3 coisas que fazem as mulheres terem mais dificuldade em emagrecer
Osteoporose: sintomas, tratamentos e origem da dor
Redes sociais e saúde mental: dicas para lidar melhor com a internet