São cada vez mais comuns casos de pais que deixam de lado a vida social por conta do mau comportamento dos filhos. Idas aos restaurantes e reuniões com os amigos se tornam coisas do passado.
Para a psicóloga Ana Pozza, se os pais não conseguem deixar as regras e limites claros às crianças ao ponto delas conseguirem afetar a vida social dos pais, é preciso estar atento para ver o que realmente está acontecendo. "Uma criança chata, reclamona, constantemente chorosa, agressiva e perturbadora está expressando que algo não vai bem com ela ou mesmo com sua família".
Às vezes, sem querer, a criança acaba servindo de recurso para impedir a vida social dos pais que não estão se relacionando bem. "Ou seja, como os pais não conseguem resolver essa situação entre si, ela os ajuda complicando a vida social deles. E assim, infelizmente, eles não olham para o real problema, o qual teria relação com a vida a dois. O problema se torna a criança. Mas não se deve esquecer que os filhos são reflexo dos pais e do ambiente familiar", alerta.
Muitos pais têm dúvida se devem ou não chamar a atenção do filho na frente dos familiares ou amigos, mas Ana explica que sim. "Se o filho é agressivo ou perturba os colegas, imediatamente, os pais devem tomar uma atitude. Ver o que está acontecendo, ouvir o que dizem, prestar atenção".
Se a criança for maior, em torno dos seis, sete anos, a psicóloga diz que é possível deixar para ter uma conversa mais longa em casa. "Mas no momento em que ocorre a má atitude e um adulto está observando esta cena, se deve intervir, sem ser agressivo, mas protegendo e ensinando a boa atitude. Ser permissivo é uma forma de a criança entender que não há problema em se comportar mal."
A psicóloga diz que os motivos desses comportamentos podem ser uma dificuldade dos familiares em colocar limites e até de manifestarem a afetividade entre si. "A criança que recebe afeto, cuidados, atenção e orientação tende a se comportar bem onde quer que esteja, principalmente porque quer ser um bom filho. Sabe que se comportando assim será recompensada com afeto", diz
E ressalta: "Colocar limites é dizer ao filho até onde ele pode ir, é expressar o quanto se preocupa com ele e que ele está protegido. Maus comportamentos demonstram o quanto estão precisando de limites e de atenção. Em casos mais graves, é preciso se investigar e ver o que está ocorrendo, se há problemas familiares, psiquiátricos ou neurológicos envolvidos."
Para evitar essas situações constrangedoras e, ao mesmo tempo, para instruir a criança, a doutora dá algumas dicas a serem seguidas:
- Seja também um pai de bons comportamentos. Os filhos tendem a imitar o comportamento dos pais;
- Seja afetivo e carinhoso ao educar e ensinar bons hábitos e princípios de vida;
- Esteja atento ao filho e procure entender e compreender o que está acontecendo para que ele se comporte da forma como tem feito;
- Aceite que os filhos são reflexo dos pais e do ambiente em que vivem e que o seu comportamento pode ser uma sintomática de outros fatores;
- Não permita que a insistência, a birra e a desobediência sejam atitudes que resolvam as situações, ou seja, tenha claro os limites e as regras para não ceder à pressão dos filhos;
- Saiba que dizer "não" é uma forma de cuidado e proteção à criança, um fator delimitador que a ensina até onde pode ir na sua interação com o mundo;
- O pai observando que se sente culpado ao colocar limites ao filho deve procurar as razões que o fazem sentir desta forma, uma vez que a permissividade pode ser uma forma de alimentar os maus comportamentos dos filhos;
- Converse frequentemente com os filhos sobre os seus comportamentos, procurando ensinar e instruir. Uma vez que a criança não nasce sabendo, vai atuar com os recursos que tem e ainda de acordo com a sua faixa etária;
- Seja amoroso e carinhoso sempre que possível com os filhos, precisando ser firme sem ser violento ou agressivo;
- Se necessário, procure ajuda especializada no processo de educação dos filhos.
Por Caroline Belleze Silvi (MBPress)
As consequências de calar os filhos com recompensas imediatas
Advogado expõe pai que não quer pagar pensão - Leia aqui!
Mãe de 98 anos se muda para asilo para cuidar de filho de 80
7 sinais que identificam uma mãe narcisista
Professora permite que aluna leve bebê às aulas para não faltar
Médica explica por que uma mãe que não ama o filho não é 'desnaturada'