Foto/Reprodução
Recentemente, a campanha lançada pela fabricante de carros japonesa Nissan causou polêmica. Depois de receber 30 reclamações de consumidores, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) pode determinar a retirada da propaganda do ar.
As pessoas descontentes alegam que a palavra "maldito" está associada ao universo infantil, uma vez que o comercial traz pôneis coloridos e animados pulando em um carrossel. A iniciativa é da Nissan, criada pela Lew’Lara/TBWA, agência de publicidade da fabricante, que faz referência a potência dos motores dos veículos das marcas concorrentes, chamando-os de pôneis ao invés de cavalos.
Igor, de 32 anos, tem uma filha de dois anos e nove meses, que está na fase de repetir tudo o que ouve. Para ele, o comercial não causa nenhum trauma com pôneis nos pequenos e nem quebra o encanto deles pelos animaizinhos. Porém, lembra que criança é uma esponja e que o jingle da Nissan é chiclete e gruda mesmo.
"O ruim da história é colocar no vocabulário das crianças a palavra ‘maldito’ de uma forma tão divertida. Elas vão começar a chamar todo mundo de maldito sem saber o que quer dizer direito, só por ser engraçado", afirma. E aconselha: "Cabe também aos pais conversarem com as crianças para explicar que essa não é uma palavra legal."
Na opinião da psicóloga e psicoterapeuta familiar Ana Pozza, se a marca tinha o objetivo de continuar a propaganda através das crianças, que vão repetir a música por acharem o comercial "muito legal", a intenção não foi boa. "A criança, por imitação, poderá usar a música aceita pelo mundo adulto e incorporá-la no seu dia a dia, podendo passar a chamar os pais, amigos e educadores de malditos", alerta.
Outra questão levantada pela especialista é que a palavra "maldito", no imaginário brasileiro, tem uma conotação negativa, relacionada inclusive com aspectos religiosos, além de ser um termo que se aproxima de um palavrão. "É interessante ainda mencionar a forma como os carinhosos pôneis adentram o lar e, paradoxalmente, trazem o contraditório de serem malditos e desagradáveis, quando para as crianças eles são muitos fofos e amados", comenta.
"É preciso ter cautela a respeito do que é banalizado ou naturalizado quando ‘sem intenção’ se atinge o público infantil. A criança está sendo educada e influenciada o tempo todo e a ‘ingênua’ e divertida campanha não é tão ingênua assim", completa Dra. Ana. "Se na escola essa canção fosse repetida, certamente os pais não a aceitariam e achariam de imenso mau gosto. Então por que na mídia pode?"
Melissa, de 34 anos, tem uma afilhada de quatro anos e acha desnecessária a proibição do comercial. "As crianças não veem a maldade dessa palavra. Caso contrário, ela não seria usada em tantas histórias infantis como a maldição das madrastas, bruxas como Branca de Neve, Cinderela ou Bela Adormecida".
Melissa completa: "Maldição é não ver gente para reclamando de problemas realmente malditos, como impunidade, desonestidade e fome."
O processo que vai investigar a propaganda foi aberto na quinta-feira (04) e, segundo o Conar, um relator será nomeado para estudar as denúncias. De qualquer forma, com ou sem proibição, a Nissan não pode reclamar. No YouTube, foram mais de cinco milhões de visualizações. E no Twitter Brasil, o assunto ocupou o topo do trending topics.
Por Juliana Falcão (MBPress)
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