Você sabe o que significa o termo "picky eaters"? A expressão em inglês quer dizer "comedores seletivos". São crianças que têm um comportamento alimentar que pode variar, excluir determinados grupos de alimentos como verduras e legumes, pular refeições, ou, simplesmente, comer muito pouco. Na maioria das vezes, esse comportamento aparece em crianças de um a cinco anos, que começam a apresentar menor interesse pela comida e frequentes oscilações na preferência e aceitação dos alimentos.
De acordo com o nutrólogo e pediatra Mauro Fisberg, diversos motivos impulsionam a criança a assumir essa postura diante da comida. Entre as influências comuns nessa fase da vida, estão a desaceleração do crescimento a partir de um ano, que tem como consequência a diminuição do apetite, a capacidade gástrica limitada, isto é, crianças pequenas têm estômagos pequenos e a troca da dentição, que pode causar desconforto na hora de mastigar.
Há ainda a grande influência dos hábitos da própria família e o fato do momento da refeição acabar sendo usado como uma maneira de chamar a atenção, de mostrar capacidade de decidir por si e até mesmo negociar com os pais. "A refeição é um campo de batalha natural para a criança, a primeira oportunidade de experimentar independência", explica Mauro.
De acordo com os especialistas, 50% das crianças podem ser identificadas como picky eaters. Entretanto, para os pais, não é simples lidar com este problema. Cabe à nutricionista ou ao médico, na maioria das vezes o pediatra, ajudar a identificar tal comportamento. Ou seja, se o grau de dificuldade alimentar da criança chega a interferir substancialmente em sua socialização e desenvolvimento, é necessária uma intervenção.
Por outro lado, o pediatra destaca que a criança com essas características não desenvolve doenças orgânicas e sim carências nutricionais, como deficiência de ferro, cálcio e vitaminas do complexo B. "Tudo depende da percepção dos pais. Reações negativas como chorar, cuspir ou até vomitar diante de novos alimentos, lapsos de atenção e concentração, variações de peso e apatia são sinais de alerta para os pais", explica Fisberg.
O tratamento para este problema inclui orientações nutricionais, comportamentais e psicológicas que não são feitas apenas com a criança, mas também para os pais e irmãos. "As divergências na hora da comida causam ruídos no relacionamento entre pais e filhos e podem até interferir na relação do casal", explica.
O especialista deu algumas orientações práticas sobre como evitar o problema, confira:
- Evitar distração durante a refeição (ex.: televisão), não usar truques, não enganar ou subornar;
Adotar uma atitude neutra diante das rejeições e do mau comportamento à mesa;
- Criar uma alimentação que incentive o apetite (vale apostar em pratos bem coloridos, com comidas enfeitadas);
- Limitar a duração das refeições;
- Oferecer alimentos adequados a cada idade;
- Introduzir novos alimentos sistematicamente;
- Incentivar alimentação independente;
- Tolerar, com moderação, a bagunça com a comida, apropriada para a idade;
- Oferecer frutas, verduras e legumes em todas as refeições;
- Oferecer os mesmos alimentos com diferentes apresentações/texturas (cozido, frito, assado, etc);
- Diminuir a preparação das "comidas favoritas";
- Sentar a criança à mesa com os outros membros da família;
- Para aquelas crianças que bebem muito leite, diminuir o volume e a frequência;
- Limitar o consumo de líquido durante a refeição. Água e suco devem ser oferecidos durante a refeição com cuidado;
- Respeitar períodos de pouco apetite e preferências alimentares;
- Oferecer pequenas quantidades de comida para não desencorajar a criança a comer;
- Listar as preferências da criança e, toda semana, acrescentar dois tipos diferentes de comida com textura semelhante ao grupo original.
Por Larissa Alvarez
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